A partir de estudos sobre diferentes materiais e suportes para obras de Arte, os estudantes do 4º ano do Ensino Fundamental conheceram o assemblagem, termo francês, que foi trazido à arte por Jean Dubuffet em 1953. É usado para definir colagens com objetos e materiais tridimensionais. Por meio dessa técnica, a composição artística é realizada com retalhos de papel ou tecido, objetos descartados, pedaços de madeira, pedras etc.

Dentro desse universo, a professora Juliana Medeiros apresentou às turmas do 4º ano do Ensino Fundamental a arte de Arthur Bispo do Rosário, um artista que tinha esquizofrenia e, nos momentos de alucinações, se dizia orientado por anjos para fazer suas produções artísticas. O “Manto da Apresentação”, produção mais emblemática do artista, apresenta um manto com vários materiais costurados, serviu de base para a releitura dos alunos, utilizando materiais de aviamento como lã, barbantes, botões, caneta para tecido entre outros para interferir artisticamente numa peça confeccionada pela professora. No dia 22 de agosto, em sala, cada turma produziu a sua obra.

“Artur era muito julgado porque ele tinha visões de anjos que mandavam ele fazer arte. Aí ele foi levado para um hospício e os anjos começaram a mandar ele fiar um manto para que, quando ele chegasse ao céu, fosse bem recebido. Ele começou e, cada dia, fazia uma arte diferente no manto. Na parte de dentro ele colocou vários nomes para essas pessoas serem bem recebida no céu”, explica a aluna Mariana Ribeiro, sobre o que aprendeu com a atividade. “A gente faz arte, enfeita e brinca. Acho isso muito legal. O manto vai representar que a gente estudou muito, aprendemos, recriamos e vamos aprender mais ainda”, completa ela.

A professora Juliana ficou satisfeita com esse entusiasmo demonstrado por seus alunos na produção artística. “Esse é um trabalho que envolve uma conexão com a arte, que ultrapassa os valores estéticos e os aproxima da ideia conceitual de que o fazer é tão importante quanto o produto final. Essa experiência proporciona segurança em demonstrar a criatividade, fortalecendo a autonomia e autoestima dos estudantes no papel de artistas”, comemora.