Clássicos da literatura ganham vida


Dois clássicos da literatura brasileira foram objeto de estudos e interação para as turmas de 2ª série do ensino médio, que fazem o Itinerário Formativo do novo ensino médio. No dia 07 de agosto eles encenaram, O Auto da Compadecida (de Ariano Suassuna) e, no dia 09, Dom Casmurro (de Machado de Assis), num trabalho interdisciplinar que aconteceu sob a orientação dos professores Katia Rodrigues, Luis Fernando Leal, Aido Domingues e Waneuza Soares Eulálio.
Na primeira apresentação, os estudantes recriaram Auto da Compadecida, peça teatral em forma de Auto em 3 atos, escrita em 1955 pelo autor paraibano Ariano Suassuna. Segundo o prólogo do livro que regista a obra, a peça “representa o equilíbrio perfeito entre a tradição popular e a elaboração literária ao recriar para o teatro episódios registrados na tradição popular do cordel”. Sendo um drama do Nordeste brasileiro, mescla elementos como a tradição da literatura de cordel, a comédia, traços do barroco católico brasileiro e, ainda, cultura popular e tradições religiosas. Essa peça projetou Suassuna em todo o país e foi considerada, em 1962, por Sábato Magaldi "o texto mais popular do moderno teatro brasileiro". Em 2000, inspirou o filme homônimo estrelado por Selton Melo e Matheus Nachtergaele e dirigido por Guel Arraes. Por muito tempo, a adaptação audiovisual foi a maior bilheteria do cinema brasileiro.
Já a obra de Machado de Assis foi a recriação do clássico julgamento da personagem Capitu, questionando se ela é culpada ou inocente na acusação de traição ao marido, personagem Bentinho. O Julgamento faz parte do Itinerário Formativo da segunda série do EM, desenvolvido durante as aulas do primeiro trimestre do ano letivo pelos professores de Literatura, Gramática, História e Geografia. O trabalho foi desenvolvido depois da leitura da obra”, esclarece a professora Katia.
Na apresentação, o que chamou a atenção foi a inexistência de roteiro. Os alunos se envolveram, uns preparando seus textos de defesa e acusação, outros preparando cenários e figurinos de época. Mas a argumentação e o testemunho de cada participante foi feito sem falas decoradas, somente usando a capacidade argumentativa de cada um.
Ao final, João Grilo foi perdoado com a intervenção de Nossa Senhora, mas os estudantes da 3ª série do ensino médio, que participaram como público e corpo de jurados, consideraram Capitu culpada pela traição. Isso porque, segundo a professora Katia, “o projeto das apresentações é um micro projeto dentro do projeto maior, tendo como objetivo trazer a leitura e interpretação de um clássico por meio lúdico”.